quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Era uma vez um partido puro


Um partido desfigurado que, nem de longe lembram os românticos esquerdistas que entendiam ter encontrado, na porta das fábricas, um grande líder operário que, no poder, poderia dar um exemplo democrático ao mundo.
Seria uma espécie de virada de hemisfério: o do sul pobre e subdesenvolvido, com governos instáveis e golpistas, mostraria ao do hemisfério do norte, onde se concentram as nações do Primeiro Mundo, uma nova verdade, novos princípios humanísticos.

Os intelectuais que ajudaram a criar o PT e as comunidades eclesiais de base entenderam logo que o partido não era o que imaginavam. Ficaram os xiitas, os radicais, os “heróis da resistência à ditadura”, os “esquerdistas sem lastro” e, com esses, deu-se o início de uma miscigenação política onde não se distinguiam o que era limpo e o que era podre.

O PT desmoronou moralmente, laçou a sua ética no chão, desceu a bandeira e partiu para o pragmatismo.

Vieram os mensaleiros, vieram os episódios marcados pela falta de pudor. Por fim, tomaram assento os sedentos de poder enquanto os bons deixaram a raia e ficaram, de longe, assistindo ao que, talvez não seja ainda o último baile da Ilha Fiscal.

Mas, dançaram o minueto com máscaras venezianas, com salamaleques, gente como José Sarney, o puro; Renan Calheiros, o ético; e Fernando Collor, o injustiçado. Lula defendeu a todos. Dane-se a ética; dane-se o pudor. Comparou Collor com Getúlio Vargas. Agora, está aí um partido estirado no chão, vitorioso nas tramóias legislativas, dando vida a quem deveria estar longe de um País que desejasse (e creio que deseja) governos sérios.

Cumprimento, deste espaço, Marina Silva, a senadora que, com 30 anos de PT, deixa a legenda, triste como sempre foi, e o senador Flávio Arns, que arruma seus papéis, envergonhado, como declara, com o partido que imaginava sério. A moral da história é que o poder deforma, o poder é falso, o poder é triste para os que acreditavam que ele pudesse ser transformado por idealistas de uma nova era.

Bem-vindo José Sarney, respeitável oligarca; bem-vindo Renan Calheiros, o protegido; bem-vindo Fernando Collor, o recuperado. Entrem, a porta da casa da bandeira vermelha e da estrela banca está aberta para recepcioná-los.

Fonte: Bahia Notícias/Samuel Selestino
Ê VELHO PT, QUEM TE VIU QUEM TE VÊ

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